capitulo 12
“O amor é o sentimento dos seres
imperfeitos, posto que a função do amor é levar o ser humano à perfeição. Como
são sábios aqueles que se entregam às loucuras do amor!”Joshua Cooke
Alguém bateu à porta naquele dia que
eu nem sabia que dia da semana era. Apenas disse para entrar e nem abri os meus
olhos para ver quem me visitava. Devia ser a Kelly, insistindo para que comesse
algo. Porém, dois braços me rodearam. Dois braços que eu já conhecia tão bem.
Ele agarrou-me com força, o que fez com que a minha tristeza de afastasse um
pouco para dar lugar a um sentimento que eu não sabia qual era, mas que era bom,
isso era. O meu anjo tinha voltado para mim.
- Bill… - Sussurrei.
Ele não falou, apenas ficou ali
deitado abraçado a mim, por vezes acarinhando o meu rosto e dava-me a sensação
de que por vezes sentia os seus lábios no meu cabelo. Fiquei acordada por
alguns minutos a senti-lo perto de mim, não me sentia preparada para o encarar
e olhar nos olhos dele o que lhe tinha feito naquele dia. Por isso deixei-me
adormecer, não querendo saber que ia ter pesadelos e acordar aos gritos. Porém,
o meu sonho tomou outro rumo. Estava muito feliz e sorria para alguém à minha
frente, que segurava as mãos e me dizia que tinha uma surpresa para mim. Ele
aproximou-se e beijou os meus lábios muito ternamente. Era o meu anjo, o meu
Bill estava sempre comigo. Todavia algo aconteceu, de repente tudo ficou escuro
e apenas ouvia gritos de uma mulher, uma mulher que eu conhecia e que amava
muito. Os pesadelos estavam de volta e o meu anjo não estava lá a segurar-me as
mãos. Vi uma luz branca e de seguida tudo foi muito rápido. O carro vermelho
mesmo à nossa frente e ninguém dava por isso. A minha mãe discutia comigo e o
meu pai desviara a sua atenção para o retrovisor encarando-me com os seus olhos
preocupados. E depois, o desespero havia dado conta de mim. Acordei de novo aos
gritos por alguém que chamava pelo meu nome. Abri os olhos e lá estava ele, o
meu anjo. Abracei-o com força para afastar aquele desespero todo, chorei no
ombro ele enquanto Bill me apertava com força e me dava carinhos, tal como eu
desejava que ele fizesse.
- Está tudo bem agora… - Ele disse no
meu ouvido.
- Desculpa! Eu não queria ter saído daquela
maneira! Desculpa!
Bill pegou no meu rosto com as mãos e
disse-me encarando nos olhos:
- Está tudo bem Nicky! Eu compreendo.
Abracei-o de novo, não queria que ele
se fosse tão cedo.
- Fica comigo. – Pedi.
Ele deitou-se e eu aninhei-me no
peito dele. Respirando aquele perfume e sentindo a respiração dele no meu
cabelo.
Não adormeci de novo, não o queria
assustar mais nem queria dormir. Por isso, após alguns minutos de silêncio
olhei para ele. Bill retribuiu o meu olhar e perguntou:
- Melhor?
- Muito. Obrigada por tudo.
Bill sorriu e disse:
- Não me agradeças. Estou onde quero
estar.
Acarinhei o rosto dele e falei:
- Perdoas-me mesmo? Por ter saído
brutamente daquela maneira?
- Não penses mais nisso. Eu não
fiquei magoado. Eu só quero que saibas que eu vou estar sempre do teu lado.
Sorri para ele, claro que eu o queria
do meu lado, para sempre. Só seria feliz com ele.
- Eu realmente gosto de ti Bill…
- Nem sabes o quanto me faz feliz
ouvir isso… - E dito isto abraçou-me com força e beijou o meu rosto docemente. –
E que tal desceres para comeres alguma coisa?
- Eu não tenho fome…
- Nicky não podes continuar sem
comer! Estás tão fraca! Tens de começar a viver…
Lembrei-me então de que tinha
prometido a mim mesmo de sair deste quarto e começara viver, ninguém merecia o
sofrimento que me torturava.
- Tens razão.
Bill agarrou n a minha enquanto
descíamos as escadas, e foi como se mergulhasse para uma bolha onde só nós os
dois vivíamos. Juntos e felizes.
- Eu vou preparar-te algo. – Ele disse
ao entramos na cozinha.
Fiquei surpresa ao ver Tom e Kelly
lá, sentados muito próximos a comerem gelado da mesma tigela.
- Eu acho que não vamos ter muito
trabalho em juntar estes dois. - Sussurrei para que apenas Bill ouvisse.
- Acredita que vamos. São os dois
teimosos e vão querer negar tudo o que sentem um pelo outro.
- Perfeitos um para o outro. –
Respondi.
Bill sorriu e nesse momento os dois
olharam para nós. Pude ver o rosto de Kelly corar ao ver-me observá-la com um
sorriso evidente na cara. Tom fez de conta que nada se passava e olhou para
sorrindo:
- Pensava que tinhas morrido. O meu irmão
não parava de me chatear…
Desta vez quem corou foi Bill, e não
só. O meu rosto deve ter passado de branco a vermelho numa fracção de segundo.
- É bom ver-te também Tom. – Disse para
mudar o assunto.
Tom riu-se da minha cara e continuou
a comer o gelado trocando um olhar com Kelly.